Antes de começar o relato, peço desculpas pelo atraso de dias. Viver é melhor que postar, e foi isso que aconteceu durante e após a FLIP, que terminou na semana passada.
Tive que me virar nos 30 para conciliar todas as agendas + a minha participação na mesa Páginas Anônimas e a produção da Picareta Cultural 10 anos (pouco vi da programação principal que, feliz e diferentemente das outras edições, disponibilizou muitos vídeos e não apenas áudios no Youtube -
https://www.youtube.com/user/flipfestaliteraria/videos).
A FLIP mudou? Sim. Houve avanços significativos, mas também visíveis retrocessos. A curadoria mandou bemzão na escolha dos convidados e conseguiu realizar a Festa Literária Internacional de um jeito intimista e com uma estrutura enxuta.
Contudo, a decisão da Casa Azul de mover os comerciantes licenciados e informais e os movimentos sociais para o Areal do Pontal me pareceu segregadora, ficando um esquema meio lado B lado A. As vendas de livros no boca-a-boca (ou mangueio, como preferirem), os saraus, manifestações e eventos não programados e/ou espontâneos que pintaram no Centro Histórico sofreram ações coercitivas da polícia (coisa que eu não via desde a FLIP de 2008). Nem tudo foi censurado porque era impossível conter a multidão que invadiu Paraty no fim-de-semana.
Este cenário todo foi antevisto por mim e pelo Domingos Oliveira quando fechávamos os detalhes do local em que ocorreriam os eventos da OFF Flip e a Picareta (que nos últimos anos, diga-se de passagem, acontecia nos fundos da Igreja da Matriz).
Para evitar encrencas, aceitamos meio que por pressão migrar das pedras pé-de-moleque para o Areal. Mas mesmo assim houve novas restrições da organização da Flip. Por fim, nossa tenda iglu em parceria com a Agenda 21 ficou isolada das demais, quase ao lado da Unidade de Pronto Atendimento da cidade. Brincadeiras à parte, esperamos que nenhum paciente tenha infartado por overdose de poesia, que foi o que nos restou para remediar esse desconcerto.
Agora, corta. Volta o ego e o microcosmo: das coisas boas que vivenciei, cito os reencontros com os amigos, familiares, galera das letras de todos os lugares do país. Conhecer ao vivo pessoas que só existiam até então aqui, no Facebook. Cito também a felicidade de estar na mesa Páginas Anônimas da Casa da Cultura, ao lado de Maria Isabel Iorio, João Pedro Fagerlande e Bianca Ramoneda, com direito a vídeo do Antonio Cicero lendo um poema meu. Isso por si só, já valeu a FLIP.
Mas ainda tinha o prato principal. Após dar uma passada rápida no Lançamento Coletivo organizado pelo Eduardo Lacerda da Editora Patuá, eu e o Valterlei Borges corremos paralelamente com os detalhes finais da Picareta.
E quando deu 20h, já estávamos lá para dar início à parada com a Mini-copa Rio-SP seguida da aguardada (e talvez última, rs) edição do sarau. De pronto, agradeci mais uma vez a todos que apoiaram o crowdfunding do evento e homenageei o poeta Pablo Martins Villa Secca. A presença de sua família no evento me deixou emocionado. Edilson Borges Lobinho foi o MC do slam inaugural entre estados, que teve como primeiro campeão Jefferson Santana.
Terminada a disputa de versos curtos, começamos a Picareta daquele jeito, com direito a cachaça e chope para todos os participantes. E pela primeira vez em nossa história, com transmissão ao vivo pelo Youtube (Mini-copa aqui -
https://youtu.be/0v6h1uduZuA e Picareta aqui -
https://youtu.be/afknCumyfJU).
O lance tava tão profissional, que até brinquei com os mais chegados, dizendo que quando chega num nível de excelência assim é pra terminar mesmo huiahiauhaia... Atingimos o nirvana!
Espero que os apoiadores presentes e também os que viram depois os vídeos tenham gostado da parada tanto quanto nós, realizadores. Afinal de contas, vocês tornaram este momento possível.
Pra fechar a odisseia literária, no domingo assisti ao Baião de Spokens, show encabeçado pelo amigo Caco Pontes com participações especiais de Edgar Pererê e Betina Kopp que lacrou em grande estilo a OFF Flip deste ano (link da apresentação -
https://youtu.be/Kk9_1lmBVzo).
Esta é uma geral de como foi a FLIP desse ano pra mim, até porque FLIP cada um faz a sua. Mais tarde posto o vídeo do Antonio Cicero.
Obrigado a quem leu esse texto até o fim. Sem querer criar spoiler, mas acredito que em breve vai pintar ainda alguma novidade sobre a Picareta Cultural por aqui ;).
Abração, beijo grande e vários raios!
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foto: Gabi Carrera